Os amigos que conhecemos em viagens são diferentes. Nem melhores, nem piores. São definitivamente diferentes.
Amigos viajantes, eu me arrisco a dizer, se aproximam inicialmente por necessidade. Afinal, é sempre bom ter alguém no mesmo barco que você no caso de passar por apuros. Ao mesmo tempo, é uma amizade sem interesse. Explico: nenhuma das partes sabe o que acontecerá depois do fim da viagem, se a amizade perdurará ou não, ou até mesmo se voltarão a trocar uma palavra algum dia. Então não há motivos para usar máscaras e forjar as aparências de todo dia. Vale se permitir, ser quem quiser ser, ser quem realmente é. E se a amizade só durar só por uma viagem, paciência, guardam-se as recordações. O maior risco que se corre é fazer amigos para a vida inteira.
Outro ponto curioso é que nos aproximamos de pessoas das quais não nos aproximaríamos normalmente. Ok, nem tão curioso, já que o "eu-rotina" ficou no check-in do aeroporto. Conheci pessoas nas minhas viagens para as quais, em outros tempos, sorriria e seria simpática, nada além disso. Pessoas extremamente diferentes de mim, com as quais eu provavelmente não cogitaria dividir sonhos e segredos. Para a minha surpresa, muitas delas se tornaram extremamente importantes em minha vida, e fazem parte de quem eu sou hoje.
Isto me fez pensar que deveria estar perdendo amizades preciosas, e decidi não buscar o meu "eu-rotina" na esteira de bagagens. E não é que tem dado certo? Só uma incógnita persiste: não sei se eu me encontro ao encontrar amigos ou se os amigos me encontram por eu me encontrar. Paciência, posso viver com essa dúvida.
Parabéns a todos os amigos. Aos que já são e aos que ainda virão.
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