Berlim |
O amor dos viajantes pela Alemanha nos levou de volta para lá! A viajante de hoje nos conta a sua experiência na cidade de Karlsruhe. Bem-vindos (de volta) à Alemanha!
1 - Quem é você?
Meu nome é Alice Lautert, tenho 23 anos e estou no 10°
semestre de Arquitetura e Urbanismo.
2 - Porque você viaja?
Neste caso foi por uma oportunidade de intercambio. Quando
eu comecei a faculdade eu já sabia que queria viajar. Na época, para curso de Arquitetura,
só havia intercâmbios para a América do Sul, então pensei em ir para o Chile,
para a Argentina ou para outro país que tivesse vaga. Depois de um tempo surgiu
a oportunidade de ir para outros países. Eu já estava estudando alemão há algum
tempo, por curiosidade de aprender outra língua além do inglês, mas não tinha
planos de fazer um intercâmbio na Alemanha. No entanto a chance de ir para lá
veio no momento certo, quando eu realmente queria ter a experiência de morar
fora.
Palácio de Karlsruhe - Recebendo visita de amigos de Santa Maria |
3 – Qual foi a maior dificuldade que você teve?
Foi com a língua. Eu achava que depois de três ou quatro
meses eu já estaria fluente, mas não foi bem assim. No início percebi que
estava falando muito inglês, e busquei praticar mais o alemão, mesmo que
falasse errado. Quando isso acontecia, os próprios alemães começavam a falar em
inglês comigo, mas eu tentava evitar isso e preferia que eles me corrigissem,
para que pudesse aprender. Depois de uns oito ou nove meses eu já estava
acostumada, e era mais tranquilo para compreender, mas ainda sim tinha algumas
dificuldades com aspectos da gramática. Isso me fez perceber como é bom ter uma
língua mãe onde você entende tudo o que está sendo dito.
4 – O que você não imaginava que iria encontrar/acontecer
na Alemanha?
Não imaginava que teria contato com tantas pessoas
diferentes em uma cidade só. É uma cidade universitária e vinham muitas pessoas
de fora para trabalhar. Tive contato com pessoas de todos os continentes. Não
que eu não imaginasse que isso pudesse acontecer, mas não tinha me dado por
conta da dimensão. A Alemanha como um todo tem muitos turcos, chineses,
japoneses, coreanos, indianos e africanos. Encontrei muitos latino-americanos
também.
Palácio iluminado |
5 – E quanto a cultura, teve algo difícil de se
acostumar?
Acho que o humor alemão. Eu sou uma pessoa acostumada a
conversar, dar risada, fazer piadas, achar graça nas coisas, e eles não são
assim. O humor deles é um pouco diferente. Não que eles não sejam divertidos,
mas são mais sérios, mais fechados, mais corretos. E também tem a questão da
língua, que dificulta que você faça um comentário divertido sobre alguma coisa.
Os alemães são inflexíveis para algumas questões. Uma vez precisava adiar uma
prova, por exemplo, mas o professor não abria nenhuma exceção. Em outra vez uns
amigos foram a uma pizzaria e queriam uma pizza meio a meio, mas eles falaram
que isso não existia e não poderia ser feito. São coisas pequenas que eles são
inflexíveis a respeito.
6 – Como são as pessoas?
Eles são muito sinceros, muito diretos. Eu adorei isso! Eles
te falam o que acham errado sem muito rodeio, não ficam pensando, por exemplo,
se vão magoar com o que tem a dizer. Acho que por isso eles até mentem menos,
não sei. Eles são muito objetivos, então por isso eles trabalham muito bem.
Parque em Karlsruhe |
7 – Você viajou para outros lugares durante o
intercâmbio?
Fora da Alemanha eu viajei para a França, Hungria, Suíça, Holanda, Reino Unido, Grécia e Dinamarca. Dentro da Alemanha fui três vezes para Berlim, que fica oito horas
de ônibus da cidade onde eu morava, Karlsruhe, e ainda assim não consegui ver
tudo. É uma cidade realmente incrível, multicultural e tem muita coisa para
oferecer. Cada vez que você vai descobre alguma coisa diferente. Tem alguns
pontos turísticos “obrigatórios”, mas vale a pena pelo dia a dia, pela questão
artística e cultural. Foi um dos lugares que eu mais gostei. Ainda dentro da
Alemanha fui para Munique e Hamburgo, que são cidades maiores, e para algumas
cidades pequenas. A uma destas cidades, Rothenburg, eu fui na época do carnaval
da Alemanha. Eu dividia o apartamento com outras três pessoas, e um dos meninos
era alemão e me convidou para assistir ao desfile de carnaval na cidade dele e para desfilar junto.
Em cidades pequenas isso é muito legal porque é muito familiar, os grupos que
desfilam são formados pelas famílias, vizinhos e amigos. E era um evento
grande, com mais ou menos sessenta grupos desfilando, cada um com uma temática
diferente. Eles tocavam aquelas músicas típicas alemãs e, durante o desfile,
distribuíamos doces para as crianças e pintávamos o rosto das pessoas que
estavam assistindo. Acho que foi o carnaval mais legal que eu passei na minha
vida!
Carnaval em Rothenburg |
8 - Karlsruhe é um lugar fácil para quem não conhece se
achar?
Sim, é muito fácil. Tem um palácio (que hoje é um museu)
no meio da cidade, e dali saem várias ruas radiais. A universidade é perto
deste círculo. Você consegue ir para qualquer lugar de bicicleta mais rápido
que usando o transporte público. Hoje estão tendo muitas obras lá para a
implantação de um metrô no centro, então só é preciso se informar sobre que
caminhos podem ser percorridos, mas é muito fácil para se locomover.
9 - Você teve alguma surpresa em relação ao país?
Para mim que sou evangélica foi uma surpresa achar tantas
igrejas evangélicas lá, imaginava encontrar bem menos. Mas elas são um pouco
diferentes das daqui. Digamos que a “maldade brasileira” não chegou lá. Na
minha cidade tinha bastante jovens, por ser universitária, mas ainda assim
tinha muita gente mais velha que frequentava estas igrejas, principalmente
tocando. Um dia tinha uma senhora de uns 50 anos tocando bateria! Achei muito
legal. Uma coisa que se confirmou quando cheguei lá foi que os alemães comem
muita batata e bebem muita cerveja!
Bicicletas em Karlsruhe |
10 – Você tem alguma sugestão de livros ou filmes para
indicar para quem planeja viajar para a Alemanha?
Tem um livro que uma professora minha de lá recomendou, é
“Um brasileiro em Berlim”, do João Ubaldo Ribeiro.
11 – Você tem algum blog para quem quiser ler mais sobre
a sua viagem?
Sim. Meu blog é aliceimkartoffelland.blogspot.com.br .
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