Não vai dar tempo de dar a volta ao mundo nos próximos dias? Então reveja os relatos de quatro viajantes que dividiram suas experiências com a Já fui.
Ettore Stefani, 23 anos - Já fui para Portugal
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Viajo porque é diferente, porque eu saio da minha zona de conforto. Eu
vou ter que conhecer outras pessoas, interagir com uma cultura que eu não
conheço, usar uma moeda que eu não conheço, provar comidas que eu não
conheço... Eu acho que sair da zona de conforto significa amadurecimento. E é
por isso que eu viajo, para amadurecer.
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Na cidade que eu morei em Portugal, Faro, que fica ao sul, os
portugueses eram um pouco mais provincianos. Um povo que tem um pensamento mais
conservador, mas não que isso tenha sido algo muito difícil de lidar.
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Em Portugal o que eu mais gostei foi da alimentação porque era muito
barato e a gente comia muito (risos). A cidade que eu morava tinha um pôr do
sol maravilhoso. A região do Algarve, onde eu fiquei, é conhecida como “o
segredo descoberto da Europa”. É lindo, tem praias lindíssimas, o pessoal vem
de outros países da Europa para ir lá. Era muito bom viver em uma cidade que
tinha um porto, a gente ia para a praia de barco, eram experiências muito boas
que eu nunca tinha vivido aqui no Brasil. Viajei para outros países da Europa,
e o que mais gostei foi de ter conhecido gente de muitos lugares. Fiz amizade
com austríaco, com alemão, com búlgaro, com croata, italiano, com chinês, japonês...
E esta troca de realidades faz com que você pense o seu país de outro jeito. É
muito boa esta interação e este intercâmbio cultural.
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Eu não pensei que eu teria dificuldade para entender o idioma português
em Portugal, e foi muito difícil nas primeiras aulas que eu tive na
universidade de lá. Era muito complicado, eu não entendia a metade do que eles
diziam em aula. Em relação aos outros países que eu visitei, tive várias
aventuras. Como eu só fazia programas com um custo mais baixo, eu viajava muito
com empresas aéreas de low cost e ficava nos piores
albergues.
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O vocabulário foi engraçado no início. Eu lembro que na primeira vez que
eu fui para a aula a professora pediu para que eu me apresentasse. Depois que
falei, ela me disse “ah, mas eu já te vi por aqui!” e eu falei “sim, no
primeiro dia que eu vim aqui a senhora me levou para a sala.”. E quando eu
falei isso todos os alunos olharam para mim com uma cara de espanto e a
professora falou “aqui em Portugal ‘levar para a sala’ tem outro
significado...”. Aí eu pedi desculpas, ia fazer o quê? (Risos).
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Natalia Alves - 24 anos - Já fui para a Romênia
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Na
Romênia, por mais que seja um país europeu, as pessoas não falam inglês ou não
fazem questão de entender o que você fala. A língua romena é totalmente diferente.
Nós conseguimos entender algumas coisas por ser uma língua latina, mas não
conseguimos falar. Quando eu cheguei em Bucareste me falaram bastante para ter
cuidado, em especial com ciganos. Os romenos são bastante desconfiados, e
por eu não conhecer tanto sobre o país antes de chegar, considero que a ida foi
onde eu tive mais dificuldade.
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Craiova,
a cidade onde morei na Romênia, é relativamente pequena comparada à cidade onde
eu moro. E só pelo fato de ser uma cidade diferente, com uma cultura diferente,
já passa aquela sensação boa que a gente sente quando viaja. A curiosidade fala
bem mais alto. Quando os outros intercambistas e eu chegamos lá, não sabíamos
como seria, não conhecíamos nada. Então conhecemos os intercambistas de outros
projetos, começamos a planejar viagens, e a troca cultural que tivemos foi
muito boa.
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Por
mais que eu já soubesse que dividiria o apartamento com outras pessoas, eu não
tinha noção de como seria. Você realmente entende o quão diverso um intercâmbio
pode ser quando cada um está em um lugar da casa falando uma língua diferente.
Eu realmente não esperava que seria assim, e foi muito bom. Uma questão mais
chata foi em relação às diferenças em relação aos hábitos de higiene deles, mas
não foi uma questão tão complicada de contornar.
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À
princípio estranhei o fato de as pessoas serem mais reservadas, até um pouco
frias, diferente do comportamento dos brasileiros. Mas a gente se adapta
rápido, e quando eles passam a lhe conhecer melhor a relação já é diferente,
eles se tornam mais abertos.
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Para
mim tudo era desconhecido. Em viagens assim, é extremamente importante que você
tenha em mente que terá que se adaptar à nova cultura em questão e deve ir com
a mente aberta ao novo. O idioma, a arquitetura, a comida e o dia a dia foram
para mim experiências fantásticas.
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Alice Lautert, 23 anos - Já fui para a Alemanha
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A maior dificuldade que tive foi com a língua. Eu achava que depois de
três ou quatro meses eu já estaria fluente, mas não foi bem assim. No início
percebi que estava falando muito inglês, e busquei praticar mais o alemão,
mesmo que falasse errado. Quando isso acontecia, os próprios alemães começavam
a falar em inglês comigo, mas eu tentava evitar isso e preferia que eles me
corrigissem, para que pudesse aprender. Depois de uns oito ou nove meses eu já
estava acostumada, e era mais tranquilo para compreender, mas ainda sim tinha
algumas dificuldades com aspectos da gramática. Isso me fez perceber como é bom
ter uma língua mãe onde você entende tudo o que está sendo dito.
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Eu sou uma pessoa acostumada a conversar, dar risada, fazer piadas,
achar graça nas coisas, e eles não são assim. O humor deles é um pouco
diferente. Não que eles não sejam divertidos, mas são mais sérios, mais
fechados, mais corretos. E também tem a questão da língua, que dificulta que
você faça um comentário divertido sobre alguma coisa. Os alemães são
inflexíveis para algumas questões. Uma vez precisava adiar uma prova, por
exemplo, mas o professor não abria nenhuma exceção. Em outra vez uns amigos
foram a uma pizzaria e queriam uma pizza meio a meio, mas eles falaram que isso
não existia e não poderia ser feito. São coisas pequenas que eles são
inflexíveis a respeito.
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Eles são muito sinceros, muito diretos. Eu adorei isso! Eles te falam o
que acham errado sem muito rodeio, não ficam pensando, por exemplo, se vão
magoar com o que tem a dizer. Acho que por isso eles até mentem menos, não sei.
Eles são muito objetivos, então por isso eles trabalham muito bem.
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Fui à Rothenburg na época do carnaval da Alemanha. Eu dividia o
apartamento com outras três pessoas, e um dos meninos era alemão e me convidou
para assistir ao desfile de carnaval na cidade dele e para desfilar junto. Em
cidades pequenas isso é muito legal porque é muito familiar, os grupos que
desfilam são formados pelas famílias, vizinhos e amigos. E era um evento
grande, com mais ou menos sessenta grupos desfilando, cada um com uma temática
diferente. Eles tocavam aquelas músicas típicas alemãs e, durante o desfile,
distribuíamos doces para as crianças e pintávamos o rosto das pessoas que
estavam assistindo. Acho que foi o carnaval mais legal que eu passei na minha
vida!
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Tem um palácio (que hoje é um museu) no meio de Karlsruhe, e dali saem
várias ruas radiais. A universidade é perto deste círculo. Você consegue ir
para qualquer lugar de bicicleta mais rápido que usando o transporte público.
Hoje estão tendo muitas obras lá para a implantação de um metrô no centro,
então só é preciso se informar sobre que caminhos podem ser percorridos, mas é
muito fácil para se locomover.
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Virgínia Rodrigues, 24 anos - Já fui para os Estados Unidos
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A primeira vez que eu fui para os EUA foi em setembro de 2013, quando
uma amiga que eu conheci em Florianópolis me convidou para passar três semanas
na casa dela e conhecer mais sobre o Vale do Silício. Naquela época eu estava
abrindo a minha primeira startup e queria muito conhecer mais este cenário. O
Vale do Silício ainda é a “Meca dos empreendedores de startups”, então eu
resolvi ir para lá. Eu acabei conhecendo a região da Bay Area e me apaixonei
por San Francisco, que é a maior cidade desta região. É muito linda e eu gosto
muito.
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Eu me encaixei muito bem em San Francisco. O que eu mais gostei foi o
fato de as pessoas serem super ecléticas. A minha sensação é a de que aquela
região é o epicentro de muita coisa que acontece no mundo acerca de tendências
e inovação. E não só em termos de tecnologia, mas no que envolve arte,
comportamento e inovação no geral. Eles brincam que San Francisco é a cidade
dos “misfits”, porque todo mundo que não se encaixa de alguma forma vai para San
Francisco e lá acaba se encontrando.
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Uma questão cultural mais diferente é que os americanos são bem mais
diretos, diferente dos brasileiros, que no geral dão voltas antes de falar a
sua opinião, porque temem levar para o lado pessoal. Lá não, eles tem isso bem
separado. Se vão fazer uma crítica, é sobre o teu negócio, sobre o teu projeto,
ou é um aviso sobre um comportamento de outra pessoa que eles não querem que se
repita. Eles conseguem falar isso e deixar claro de uma maneira que seja
educada, direta e tranquila. No início você se choca um pouco, pensando que é
pessoal, mas depois você vê que há uma certa separação. Depois de um tempo você
acostuma e acha até bom este hábito. Acho que em termos de negócios e estudos é
muito benéfica, porque as coisas avançam, todo mundo consegue falar no mesmo
tom e progredir.
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Já que o meu foco era o empreendedorismo, eu não imaginei que fosse
encontrar pessoas incríveis, de alto escalão, que me permitissem conversar na
boa, de igual para igual. Isso me surpreendeu. Eu também conheci muito
brasileiros incríveis, que não necessariamente moravam no Vale mas costumam
viajar para lá, e que trabalham com startups aqui no Brasil e são referência no
país. Se eu estivesse no Brasil seria muito mais difícil de encontrá-los, porque
temos uma distância geográfica imensa. Eu não moro em SP, então eu acho que
demoraria muitos anos para conhecê-los, algo que aconteceu em semanas em San
Francisco.
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A Califórnia é um lugar lindo, tem muitos parques nacionais incríveis.
Eu ainda não fui para Yosemite, nem para Lake Tahoe, e quero muito ir a estes
lugares. Eu quase não acredito que eu voltei de lá sem ter tido a chance de
conhecer. Outro lugar que eu quero conhecer melhor é Big Sur, que é muito
bonito também. Um lugar totalmente diferente que eu tive a chance de conhecer e
que eu gostei bastante foi Death Valley, o vale da morte, que é um deserto no
sul da Califórnia. Foi algo que eu nunca tinha visto antes e acho que não temos
parecido aqui no Brasil. Gostei das formações rochosas, das montanhas e de
sentir um calor em que o suor evapora antes que você se dê por conta, e a pele
fica toda salgada. Foi uma experiência muito diferente como um todo, e este é
um lugar que eu sugiro visitar. Yosemite todo mundo vai ou ouve falar, é super
famoso. Mas quem é um pouquinho mais aventureiro talvez goste de Death Valley.
E tem muita trilha bonita para se fazer lá.
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